Academia de Medicina da Bahia Scientia Nobilitat
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Aluízio Rosa Prata
Cadeira: 48
Patrono: Aluízio Rosa Prata
Patrono

Nasceu Aluízio Rosa Prata na Fazenda Capivara, em Uberaba, Minas Gerais, em 1º de junho de 1920, filho de D. Delia Rosa Prata e João Prata Junior, Nonô Prata. Tinha cinco irmãos e um deles foi também médico, o João Antônio. Depois de aprender o alfabeto na fazenda, foi levado para o colégio da Congregação Mariana de Uberaba.

Depois, aos 16 anos, ele deixou a cidade mineira e concluiu seus estudos preparatórios no Rio de Janeiro.

Em 1945, ele completou sua formação médica na Faculdade Nacional de Medicina da Universidade do Brasil, depois denominada Universidade Federal do Rio de Janeiro. No ano seguinte à formatura, foi admitido como oficial médico na Marinha, indo trabalhar em Corumbá, Mato Grosso do Sul, sendo transferido para Salvador em 1952, lugar que viveria até 1973. Em 1953 Aluízio se casou com uma conterrânea de Uberaba, Martha Toubes Alonso. (PRATA, 2012)

Seu primeiro trabalho foi “Estudo clínico da acromegalia”.(PRATA, 1948) No ano seguinte publica um estudo sobre a sífilis na flotilha de Mato Grosso (PRATA, 1949), que era prevalente na região. (TEIXEIRA, 2012) Em Salvador, no início da década de 50, com o trabalho no Hospital Naval (1952-1955), amplia o seu interesse pela pesquisa médica, estudando a esquistossomose, a doença de Chagas e o calazar. Segundo o Prof. Rodolfo Teixeira, que foi Titular e Emérito da Cadeira n. 08 da Academia de Medicina da Bahia, o Dr. Aluízio Prata ampliou seus horizontes quando organizou um simpósio sobre esquistossomose, em 1957, que publicou como livro (PRATA &ABOIM, 1957).

Em 1970, já como professor catedrático, ele organizaria outro simpósio sobre o mesmo tema. (PRATA & ABOIM, 1970)

Um acontecimento importante para garantir o sucesso das pesquisas do Prof. Prata foi a criação da Fundação Gonçalo Moniz (FGM). Outra instituição fundamental para seus estudos foi o Hospital das Clínicas, o novo hospital-escola da Faculdade de Medicina da Bahia. Ele atendia voluntariamente na 3ª Clínica Médica, dirigida pelo prof. José Olympio da Silva. (TEIXEIRA, 2012)

No simpósio de 1957, ele teve contato com o Prof. José Rodrigues da Silva, que o levou a fazer estágio na Faculdade de Medicina da USP e o estimulou a participar da vida acadêmica. Os seus estudos sobre o calazar serviram de material para a sua tese de Livre Docência: Estudo Clínico e Laboratorial do Calazar. (PRATA, 1957)

Depois, houve o concurso para a Cátedra de Doenças Infecciosas e Parasitárias que estava vaga na FAMEB. Ele vinha estudando esquistossomose desde 1951 e apresentou a tese Biopsia retal em Esquistossomose mansoni. Bases e aplicação no diagnóstico e tratamento, sendo aprovado para Professor Catedrático em 1959.

Como Professor Catedrático, ele pôde organizar no hospital universitário a Clínica de Doenças Infecciosas e Parasitárias, com enfermaria, ambulatório, laboratório, biblioteca e pessoal altamente qualificado, com destaque para os professores Rodolfo Teixeira e Ruy Machado da Silva e depois José Carlos Bina e José Fernando Montenegro Figueiredo. No início dos anos 60, o Prof. Aluízio Prata estimulou as atividades de campo em áreas de elevadas prevalências: esquistossomose em Caatinga do Moura, Calazar em Jacobina e doença de Chagas em São Felipe. (TEIXEIRA, 1999; 2012)

Como diretor da Fundação Gonçalo Moniz (FGM), de 1961 a 1972, o prof. Aluízio Prata estabeleceu intercâmbio com várias instituições nacionais e internacionais, como o Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, a Cornell University (New York), onde foi professor visitante de 1965-1966; o London School of Tropical Medicine and Hygiene (Londres), o Instituto Pasteur (Paris) e a Organização Mundial de Saúde, entre outras. A influência benéfica da FGM sobre a FAMEB pode ser medida pelo estímulo à pesquisa e à qualificação do ensino na faculdade. (TEIXEIRA, 1999)

Uma de suas realizações foi retomar, em 1966, a publicação da revista Gazeta Médica da Bahia (TEIXEIRA, 2012), reavivando os ideais da Escola Tropicalista Bahiana que, infelizmente, após sua saída da Bahia, foi interrompida, sendo retomada depois por um de seus discípulos, o Prof. Tavares Neto, quando diretor da FAMEB-UFBA. Com o fim da gestão deste último, também foi interrompida a edição desta importante revista para a medicina brasileira. O Prof. Prata foi um dos fundadores da Sociedade de Medicina Tropical, tendo sido seu presidente em duas ocasiões.

No Hospital das Clínicas, estabeleceu uma articulação entre a Clínica de Doenças Tropicais e Infecciosas, o grupo de Anatomia Patológica, sob a liderança do Prof. Zilton Andrade, e as Clínicas Cirúrgicas, com os professores Luiz Fernando Carvalho Luz e Fernando Didier. Foram desenvolvidos métodos para tratamento cirúrgico de megaesôfago e megacólon, em pacientes chagásicos e o tratamento cirúrgico da hipertensão portal na esquistossomose e na filtração dos vermes adultos do S. mansoni que se alojavam no sistema porta. (ANDRADE, 2007)

Em 1972, Prof. Prata se transferiu para a Universidade de Brasília, tendo sido Professor Titular de 1972 a 1990. Em 1987, novamente ele se deslocou, desta vez como Professor Visitante, para a Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, atualmente Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, em sua terra natal, Uberaba. Apesar dessa saída, sempre manteve “estreitos laços acadêmicos com a Faculdade de Medicina da Bahia”, (TAVARES-NETO, 2008, p. 188), da qual recebeu o título de Professor Emérito em 1992, mesmo ano em que obteve o título na Universidade de Brasília.

Entre seus títulos e prêmios destacam-se: em 1958, a Medalha Pirajá da Silva do Ministério da Saúde; em 1959, a Medalha Carlos Chagas, da UFMG; em 1980, Prêmio Alfred Jurzykovski, da Academia Nacional de Medicina; 1983, Professor Honorário da Universidade Peruana Cayetano Heredia; 1991, Honorary Fellow, The Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene; 1995, Melhor Trabalho apresentado no XXVII Congresso Brasileiro de Oftalmologia; 1996, membro Titular da Academia Nacional de Medicina; 1998, Membro Honorário da Sociedade Americana de Medicina Tropical e Higiene; 2000, Medalha do Centenário – Um século de ciência do Instituto Oswaldo Cruz-FIOCRUZ; 2002, Membro Titular da Academia Brasileira de Ciências; 2002, Grã-Cruz da Medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico do Ministério de Ciência e Tecnologia; 2005, Pesquisador Emérito do CNPq; 2007, Prêmio Scopus 2007, Elvesier e CAPES.

Faleceu em Uberaba no dia 31 de maio de 2011. Pelos seus estudos no município, tem nome de rua em São Felipe, Bahia. É o Patrono da Cadeira n. 48 da Academia de Medicina da Bahia, cadeira recentemente criada e que tem como primeiro Titular o confrade José Valber Lima Meneses.

Obras:

PRATA, A Esquistossomose mansoni – Doença de Chagas – Megaesôfago – Calazar na Bahia. Arq. Bras.Med. naval, v.16, p.4029-4034, 1955.

PRATA, A. Estudo Clínico e Laboratorial do Calazar.[Tese de Livre Docência]Salvador, 1957.

PRATA, A. Biopsia retal em Esquistossomose mansoni. Bases e aplicação no diagnóstico e tratamento. [Tese de Concurso para Professor Catedrático]Salvador: Universidade da Bahia, 1958.

PRATA, A. Reunião sobre diferenças geográficas na doença de Chagas. Brasília: Brasília: Escopo, 1975.

PRATA, A. Situação e perspectivas do controle das doenças infecciosas e parasitárias. Brasília: Editora da UnB, 1981.

Bina, JC.; Prata, A. Regression of hepatosplenomegaly by specific treatment of schistosomiasis. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 16, p.213-218, 1983.

PRATA, A. Clinical and epidemiological aspects of Chagas disease. Lancet Infect. Dis., New York, USA, v. 7, n.1, p. 92-100, 2001.

PRATA, A. Bibliografia brasileira sobre doença de chagas. Uberaba, MG: Gráfica/FMTM, 1999. 776p.

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Referências

ANDRADE, Sonia. G. Evolução dos estudos experimentais na Bahia. Gazeta Médica da Bahia, v. 77, n. 2, 245-254, jul.-dez. 2007.

PRATA, Aluízio. Estudo clínico da acromegalia. O Hospital, v. 134, n.2, p. 243-292, 1948.

PRATA, A.; ABOIM, E. Simpósio sobre Esquistossomose. Salvador, 1957.

PRATA, A. Estudo clínico e laboratorial do calazar. Salvador: UFBA, 1957.

PRATA, A.; ABOIM, E. (Org.). II Simpósio sobre Esquistossomose. Salvador: Ministério da Marinha; Universidade Federal da Bahia, 1970.

PRATA, Álvaro Troubes. Origins: a short biography of Aluízio Rosa Prata and his family heritage. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.45. Supl. 1, p.5-8, 2012.

TAVARES NETO, José. Formados de 1812 a 2008 pela Faculdade de Medicina da Bahia. Feira de Santana: AMeFS, 2008.

TEIXEIRA, Rodolfo. Biographical data of Professor Prata at Universidade Federal da Bahia, Brazil. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v.45. Supl. 1, p.9-11, 2012.

TEIXEIRA, Rodolfo. Memória histórica da Faculdade de Medicina do Terreiro de Jesus (1943-1995). Salvador: Edufba, 1999.

Ronaldo Ribeiro Jacobina
Titular da Cadeira Nº 29 da Academia de Medicina da Bahia
Professor Titular de Medicina Preventiva e Social -FAMEB-UFBA.

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