Academia de Medicina da Bahia Scientia Nobilitat
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Álvaro Rubim de Pinho
Cadeira: 17
Patrono: Climério de Oliveira
Antecessor:
Ocupante Anterior

Nasceu em Manaus, Amazonas, em 22 de fevereiro de 1922, filho de Mercedes Rubim de Pinho e Álvaro Madureira de Pinho, formado na Faculdade de Medicina da Bahia em 1903, ano em que defendeu a tese inaugural “Contribuição ao estudo clínico da Osteomyelite”.

Álvaro Rubim de Pinho se formou em 1945 também pela Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB). “Na casa de Manaus, a figura de meu pai, médico baiano que, no começo do século, se radicara na Amazônia. Do modelo paterno terá vindo, ainda que tacitamente, o induzimento para a escolha da profissão” (Rubim de Pinho apud PICCININI, 2004). Depois de formar, dedica-se à Neurologia e, cinco anos depois, especializa-se em Psiquiatria. Jorge Amado, no seu guia da Bahia destaca “o psiquiatra Rubim de Pinho” entre os “baianos nascidos na Amazônia”. (AMADO, 2012, p.32)

Entra para a carreira docente, em 1954, como Professor Adjunto de Clínica Psiquiátrica, logo após o famoso concurso para Catedrático vencido pelo Prof. Nelson Pires. Em 1955, tornou-se Livre Docente com a tese: “Diagnóstico da psicose maníaco-depressiva”. (RUBIM DE PINHO, 1955)

Outro campo de atuação do Dr. Álvaro Rubim de Pinho foi o movimento médico, tendo sido o 8º Presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), no biênio 1960-1961. Em sua gestão a ABM foi declarada entidade de utilidade pública.

Em relação à vida acadêmica, com o afastamento do Prof. Nelson Pires, em 1964, pela ditadura militar, a cadeira de Psiquiatria ficou vaga. Desse modo, aquele que tinha sido o aluno mais brilhante - Álvaro Rubim de Pinho - se tornou, em 1966, o Professor Catedrático de Clínica Psiquiátrica, depois denominado Professor Titular de Psiquiatria da FAMEB. Sua tese de concurso foi “As funções cognitivas dos epilépticos”. (RUBIM DE PINHO, 1965)

A partir daí estrutura-se mais ainda uma brilhante carreira docente e uma atuação médica participativa: em 1968, torna-se Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, ao mesmo tempo em que assume a Presidência do Conselho Regional de Medicina da Bahia (1968-1973). Mais tarde, ele ainda seria o 12º Presidente da Academia de Medicina da Bahia, em 1987, ano em que se aposenta como Professor Titular. Além de manter a Enfermaria no Hospital Universitário Prof. Edgard Santos, instituiu o hospital-dia, com apoio pleno dos médicos-residentes, cujo programa de Residência Médica em psiquiatria promoveu e ampliou. “Coroou, assim, a revolução iniciada por Nelson Pires”, registra Coutinho & Saback (2007).

Introduziu o ensino de Psicologia Médica na graduação e, na Clínica Pediátrica do HUPES, iniciou os primeiros atendimentos psiquiátricos dirigidos a crianças. Depois, sua filha, a médica Solange Rubim de Pinho, especialista em psiquiatria infanto-juvenil, deu continuidade ao programa, transformado em Setor de Saúde Mental Infanto-Juvenil do Departamento de Pediatria.

Com a autoridade de Professor Titular, Rubim de Pinho enfrentou críticas, mas fomentou uma criativa linha de pesquisa, a da Psiquiatria Transcultural, inspirado na trilha aberta pelo trabalho de Nina Rodrigues, sem os equívocos da teoria da degenerescência da época. Diz o Mestre, citado por sua filha, a psiquiatra infantil Solange Rubim de Pinho: “A Psiquiatria Transcultural é uma psiquiatria comparada, que estuda semelhanças e diferenças psicopatológicas entre diferentes culturas, e é uma psiquiatria específica, que estuda distúrbios mentais e os tratamentos próprios de cada área cultural”. (apud RUBIM DE PINHO, 2007)

Dessa linha resultaram os trabalhos criteriosos e, com observação participante sobre o candomblé, a organização de célebre simpósio de 1968, que divulgou uma década de estudos sobre o banzo, o calundu, a caruara, o quebranto, entre outros, ampliando e difundindo as ideias de uma psiquiatria que levasse em conta as crenças, crendices e o imaginário popular.

Sua atividade nas áreas da psiquiatria transcultural e da psiquiatria forense teve reconhecimento tanto nacional como internacional. Em julho de 1986, o projeto “Identidade da Psiquiatria Latinoamericana”, coordenador pelo psiquiatra peruano Renato Alárcón, consultor da OPAS e professor em Birmingham, Alabama, destacou o Prof. Álvaro Rubim de Pinho entre os 29 psiquiatras mais representativos da região.

Sob a influência de seu ecletismo, floresceram no Departamento de Neuropsiquiatria e no Serviço de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (HUPES) a psicofarmacologia, representada por Luís Meira Lessa; a psicanálise, com Adilson Sampaio, Euvaldo Mattos e Aurélio Souza; o psicodrama, com Waldeck d’Almeida; e a psiquiatria social, com Luiz Umberto Pinheiro, Naomar de Almeida Filho e Vilma Santana.

Em 1993, recebeu o título de Professor Emérito. Em 9 de novembro de 1994, deu-se o seu encantamento, cercado do carinho dos familiares e amigos.

Piccinini (2004) relata que colheu inúmeros depoimentos que colocam o Prof. Rubim numa posição fundamental na revitalização da Psiquiatria Forense Brasileira. Por esse motivo, a Associação Brasileira de Psiquiatria criou o Prêmio Álvaro Rubim de Pinho, que é distribuído anualmente para o melhor trabalho nesse campo da Psiquiatria.

A UFBA construiu uma biblioteca para toda a área da Saúde à qual foi dado o nome de “Biblioteca Universitária de Saúde - BUS Prof. Álvaro Rubim de Pinho”. O Prof. Álvaro Rubim de Pinho é o Patrono da Cadeira n. 49 da Academia de Medicina da Bahia (AMBa) que tem como Titular o Prof. Dr. Irismar Reis de Oliveira.

O título de Patrono na Academia, o Prêmio da ABP e, sobretudo, o nome da Biblioteca são exemplos de seu encantamento, pois o grande psiquiatra vive “encantado” nos nossos corações e na nossa Memória.

Referências

AMADO, Jorge. Bahia de Todos-os-Santos: guia de ruas e mistérios de Salvador. São Paulo: Companhia de Letras, 2012.

COUTINHO, Domingos; SABACK, Eduardo. O histórico da Psiquiatria na Bahia. Gazeta Médica da Bahia, v.77, n. 2, p.210-218, jul.dez. 2007.

PICCININI, Walmor. Rubim de Pinho. História da Psiquiatria. Psychiatry on line Brasil, v. 9, n.2, p.1-5, fev. 2004.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. O diagnóstico da psicose maníaco-depressiva. Tese. Livre Docência. Salvador: Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia. 1955.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. As funções cognitivas dos epilépticos. Salvador: Tese de Concurso. Faculdade de Medicina da Bahia – Universidade Federal da Bahia, 1965.

RUBIM DE PINHO, Solange Tavares. Álvaro Rubim de Pinho. História da Psiquiatria. Psychiatry on line Brasil, v.12, n. 10, out. 2007.

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BIBLIOGRAFIA SELECIONADA DO DR. ÁLVARO RUBIM DE PINHO
(Grande parte disponível na BUS Álvaro Rubim de Pinho – Campus Canela UFBA)

RUBIM DE PINHO, Álvaro. Contribuição para o estudo da Sintomatologia Neurológica após eletrochoque. Rev. Neurobiologia, Recife, v. 8, p. 19-39, 1945.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. O diagnóstico da psicose maníaco-depressiva. Tese. Livre Docência. Salvador: Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia. 1955.

Veiga, E. P.; RUBIM DE PINHO, Álvaro. Contribuição ao estudo do maconhismo na Bahia. Rev.Neurobiologia, Recife, v. 25, n. 1, p. 38-68, 1961.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. As funções cognitivas dos epilépticos. Salvador: Tese de Concurso. Faculdade de Medicina da Bahia – Universidade Federal da Bahia, 1965.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. Tratamento Hospitalar do Paciente Internado: Terapêuticas Farmacológicas e Biológicas. Anais do VIII Congresso Nacional de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental, p. 93-102, 1967.

RUBIM DE PINHO, Álvaro; Lessa, Luís Meira; Bloisi, Silvia; Ramos, Uraci S.; D'Almeida, Waldeck. Fatores socioculturais nas depressões. Rev. Bras. Psiquiatria, v.3, n.1, p. 63-96, 1969.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. A Visão Psiquiátrica do Misticismo. Diálogo Médico: Misticismoe a Psiquiatria, Rio de Janeiro, v.1, n. 2, p. 21-24, 1975.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. Esquizofrenia hoje. Rev. Neurobiologia, Recife, v.39, Supl., p.9-16, 1976.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. O Cultural e o Histórico no campo do Delírio. Bol. CEPP (Boletim do Centro de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria), São Paulo, v.1, n.3, 1983.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. O papel do psiquiatra no hospital geral. Bol.Psiq. SP, v. 16, n.3, p. 115-121, 1983.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. O delírio depressivo. Bol. CEPP (Centro de Estudos e Pesquisas em Psiquiatria), São Paulo, v. 2, n.1, p. 5-12, 1984.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. Aspectos da Medicina Informal em Algumas Áreas Culturais Brasileiras. Rev. Psiquiat. Clin. São Paulo, v.12, n.3/4, p. 93-95, 1985.

RUBIM DE PINHO, Álvaro. Epilepsia e agressão: aspectos psiquiátricos e criminais. Rev.Psiquiat. Clin. São Paulo, v.13, n. 1-4, p. 28-32, 1986.

Ronaldo Ribeiro Jacobina.
Professor Titular de Medicina Preventiva e Social, FAMEB-UFBA.
Titular da Cadeira nº 29 da Academia de Medicina da Bahia e
Na Cadeira nº 7 do Instituto Bahiano de História da Medicina e Ciências Afins.

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