Academia de Medicina da Bahia Scientia Nobilitat
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Flaviano Innocêncio da Silva
Cadeira: 20
Patrono: Flaviano Innocêncio da Silva
Patrono

Nasceu na Bahia, em 09 de setembro de 1880. Filho de D. Amélia Imbassahy da Silva e Flaviano Innocêncio da Silva. (SILVA, 1900)
Foi interno de Clínica Syphiligraphica e dermatológica e também “dos hospitais de sangue estabelecidos nesta capital durante a quadra de Canudos. Trabalhou como “auxiliar da Pharmácia” dos mesmos hospitais. Ainda como acadêmico foi sócio-fundador do Grêmio dos Internos da Bahia. (SILVA, 1900)

Graduou-se em Medicina na Fameb, em 15 de dezembro de 1900 (PROFESSOR FLAVIANO, [1981?]). Sua tese inaugural “Prophylaxia Pública da Syphilis”, consta no levantamento feito por Meirelles et al. (2004) com o nome equivocado do 1º capítulo da primeira parte: “Aleitamento e syphilis”. O capítulo 2 é sobre “Vacinação e syphiilis” e o 3º é “Syphilis e prostituição’. Na segunda parte, discute a Sífilis no mundo, no Brasil e, na Bahia. Por fim, discute as medidas de profilaxia contra a transmissão da sífilis, além das proposições, que são feitas ao final de cada tese inaugural (SILVA, 1900). Justifica a escolha do tema, porque, dentre os problemas de higiene social “nenhum de certo é mais importante que o da prophylaxia publica da syphilis” [...],  “um morbo ao qual não se liga importância, porque se está acostumado com elle” (p. i). Porém, ele adverte: “A syphilis ataca tanto o libertino, como a innocente creancinha, a esposa honesta e a nutriz ignorante” (...) “Ela, além de causar males prepara o terreno para outras moléstias (p. ii). Cita, como exemplo a tuberculose. (PROFESSOR FLAVIANO, [1981?])

Há um trecho em sua tese doutoral que merece ser conhecida, mais de cem anos depois: “Si de passagem tocamos em certos pontos, isto é, dizemos certas verdades duras, é que achamos que, tratando-se do bem estar publico e da sciencia, deveríamos ser francos” (p. iv). Esta frase foi inspiradora para a memória histórica sobre o bicentenário da Fameb feita pelo autor. (JACOBINA, 2013)

Ele já tinha se tornado farmacêutico, em 1897, pela Faculdade de Medicina e de Farmácia da Bahia, prestando assistência aos feridos de Canudos tanto como auxiliar de Farmácia quanto como Interno prestando assistência nos hospitais de sangue aos feridos de Canudos (SILVA, 1900), como já referido.
Em 29 de novembro de 1922, foi nomeado Professor da 16ª seção e empossado em 15 de dezembro. Em 1926, regeu a cadeira de Clínica Dermatológica e Sifilográfica, substituindo o prof. Albino Leitão. Em 1946, foi para o sul do país para estudar junto as Clínicas Dermatológicas das Faculdades de Medicina para estruturar o Laboratório (Museu) da cadeira. (PROFESSOR FLAVIANO, [1981?])

Em 1945, o seu amigo, Prof. Albino Leitão, antecipou a sua aposentadoria para permitir que o Prof. Flaviano Silva também assumisse a cátedra. (GUIMARÃES, 2007) Em 1947, ele foi nomeado com decreto de 4 de março e empossado em 15 de março, como Professor Catedrático da cadeira de Clínica Dermatológica e Sifilográfica. (PROFESSOR FLAVIANO, [1981?]) 

Segundo o prof. Newton Guimarães, seu sucessor na cátedra, Flaviano Silva era um “infatigável” pesquisador. Como falava e escrevia fluentemente em vários idiomas, ele se correspondeu com respeitáveis nomes da Dermatologia internacional, além de ter publicado trabalhos que o tornaram conhecido e respeitado. Entre as contribuições originais, destaca-se primeira descrição da forma de leishmanioses difusa anérgica ou leishmaniose hansenoide, que, segundo Guimarães (2007), essa prioridade foi dada equivocadamente a Convit e colaboradores. O caso foi apresentado pelo prof. Falviano na I Reunião dos Dermato-Sifilógrafos Brasileiros, no Rio de Janeiro, em 1948, tendo sido publicado sob o título “Forma Raríssima de Leishmanioses Tegumentar: Leishmaniose Dérmica não Ulcerada, em Nódulos e Placas Infiltradas e Hieprpigmentadas”, nos Anais do encontro (Rio de Janeiro; Tipografia do Jornal do Comércio, p. 97-103, 1948). Outro destaque foi a descrição das “Formas melanodérmicas do Lupus Eritematoso”, com lesões hiperpigmentadas no início, em negros e mulatos com lúpus eritematosos discoide. Sua tese sobre “Notosidade de Lutz-Jeanselme” foi considerada uma das mais valiosas contribuições ao estudo dessa afecção na época.

Com mais de uma centena de publicações sobre os principais assuntos da especialidade, em especial, os temas da dermatologia tropical, honrando uma boa tradição da escola mater brasileira com estudos sobre leishmaniose, ainhum,  bouba, esporotricose, granuloma inguinal, actinomicose,  pinta, entre outras patologias, foram temas que não escaparam à curiosidade e ao sistemático estudo do Prof. Flaviano Innocêncio da Silva, que o Prof. Newton Guimarães (2007) se refere sempre como Flaviano Imbassahy da Silva. 

Esse trabalho original e socialmente relevante o fez merecedor de numerosas distinções e honrarias. Assim, o Professor Flaviano da Silva foi membro correspondente ou honorário de várias sociedades nacionais e estrangeiras; seu nome é um dos raros de autores brasileiros e figurarem no clássico Atlas publicado em Budapeste quando do I Congresso Internacional de Dermatologia, o Corpus Iconum Morborum Cutaneorum de Nekam, como também na primeira edição do tratado de Jadassonh, considerado a “bíblia” da dermatologia alemã. 

Entre as honrarias, recebeu a Medalha Gaspar Viana, a maior que a Sociedade Brasileira de Dermatologia concede aos médicos dermatologistas. Outra honraria foi ter sido o segundo membro dessa Sociedade de especialistas elevado à categoria de Sócio Honorário, tendo sido precedido apenas pelo Dr. Adolfo Lutz.  Ele foi aposentado compulsoriamente ao completar 70 anos, no dia 09 de setembro de 1950. (PROFESSOR FLAVIANO, [1981?]) 

Em novembro de 1950, recebeu o título de Professor Emérito da Faculdade de Medicina da Bahia da Universidade da Bahia, depois UFBA.
O seu encantamento se deu em 1956. Não conseguimos obter o registro do dia e mês. É o Patrono na Cadeira nº 20 da Academia de Medicina da Bahia.

Referências
GUIMARÃES, Newton A. Notas sobre o ensino e os professores de Dermatologia na Faculdade de Medicina da Bahia. Gazeta Médica da Bahia, v. 77, n. 2, p. 193-194, jul.-Dez. 2007.
JACOBINA, Ronaldo R. Memória Histórica do bicentenário da Faculdade de Medicina da Bahia (2008) – Vol. III – Professores, Funcionários e Alunos da FAMEB.  Salvador: FAMEB-UFBA, 2013. 534p.   
MEIRELLES, Nevolanda Sampaio; Santos, Francisca da Cunha; Oliveira, Vilma Lima Nonato de; Lemos-Júnior, Laudenor P.; Tavares-Neto, José. Teses doutorais de titulados pela Faculdade de Medicina da Bahia, de 1840 a 1928. Gazeta Médica da Bahia, v. 74, n.1, p. 9-101, jan.-jun. 2004.
SILVA, Flaviano Innocêncio da. Prophylaxia Pública da Syphilis. These apresentada à Faculdade de Medicina e de Pharmacia da Bahia. Bahia: Imprensa Popular, 1900. 137p.


Ronaldo Ribeiro Jacobina.
Titular da Cadeira nº 29 da Academia de Medicina da Bahia.
 Professor Titular de Medicina Preventiva e Social, FAMEB-UFBA.

 

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