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Jozé Correa Picanço
Cadeira: 27
Patrono: Jozé Correa Picanço
Patrono

Jozé Correa Picanço nasceu em Pernambuco, na Villa depois cidade de Goyana, em 10 de outubro de 1745. Filho da pernambucana Joana do Rosário das Neves e do português açoriano Francisco Correa Picanço, que foi cirurgião barbeiro.  Não há registro da cor da pele da mãe, mas o sobrenome da genitora era comumente encontrado em escravos e alforriados. Há autores que sugerem que o filho Picanço era pardo.

Jozé Picanço foi cirurgião barbeiro, como o pai. Viajou para Portugal, onde estudou Anatomia com o Prof. Manoel Constâncio. Foi a Paris onde se formou em Medicina. Em Paris, conheceu sua esposa, Catherine Brochot, com quem teve os filhos Jozé, Rodrigo, Antônio, Felippe e Catherine.

De volta a Portugal, foi nomeado professor substituto de Anatomia da Universidade de Coimbra. Tornou-se  Lente de Anatomia, substituindo o professor italiano Luiz Cicchi, considerado desleixado. Com Picanço que “estava habilitadíssimo para suprir todas as faltas, e aos serviços de tão benemérito funcionário se deve o bom andamento, que desde o princípio da Reforma tiveram os estudos anatômicos e cirúrgicos” (Bernardo Antônio Mirabeau, 1872).

Foi o primeiro professor a levar o ensino prático em cadáver na Cadeira de Anatomia, substituindo a tradição de não haver práticas, ou, quando muito e de modo muito raro, estas serem realizadas em carneiros ou outros animais. Picanço foi um dos cirurgiões a participar da autopsia do Marquês de Pombal, fato que ilustra o prestígio e respeito que ele desfrutava em Portugal. Entre seus escritos está o trabalho de 1802 sobre a sua tradução do ensaio “Sobre o perigo das sepulturas dentro das cidades e nos seus contornos”, em 1812, cujo autor era o italiano Felix Scipioni Patrolli. 

Segundo Anísio Teixeira, o brasileiro não era estrangeiro na Universidade de Coimbra : Francisco Pereira Coutinho foi reitor por 30 anos, José Bonifácio de Andrada e Silva foi professor antes de vir para o Brasil se tornar o patriarca da Independência. E entre outros, lá também estava Jozé Picanço, o Patriarca da Medicina Brasileira. 

Ao deixar a universidade, foi nomeado Primeiro Cirurgião do Reino (Cirurgião Mor). Ele acompanhou o Príncipe Regente, D. João ao Brasil. O Príncipe acatou a sugestão do cirurgião-mor e criou a Escola de Cirurgia, quando a comitê real aportou na Bahia. O fato está documentado na Carta Régia de 18 de fevereiro de 1808. Era criada a escola mater da Medicina brasileira. Já em 23 de fevereiro daquele ano, Picanço nomeou os dois primeiros professores da escola: Manoel José Estrela para Cirurgia Especulativa e Prática e José Soares de Castro para Anatomia. Foi assim a nomeação: “Tendo o Príncipe Regente, Nosso Senhor, anuído à representação que lhe fiz sobre a necessidade, que havia, de uma Escola de Anatomia e Cirurgia nesta Cidade para o ensino público dos que se destinam ao exercício desta Arte, dando-me a faculdade de eleger os Professores que fossem dignos de criar e utilmente promover este importante estabelecimento: Nomeio V. Mcê., ...”, nomeava os dois professores e assinava Conselheiro Jozé Correa Picanço Cirurgião-Mor do Reino. Por tal feito, o historiador da Medicina Ivolino Vasconcelos, membro correspondente desta Academia, o denominou “Patriarca da Medicina Brasileira”, em 1958, no sesquicentenário do ensino médico no Brasil. 

Em 20 de março de 1820 foi nomeado Barão de Goyana. Em 22 de janeiro de 1823 foi elevado as Honras de Grandeza pelo Imperador Dom Pedro I.
Ele se encantou em 10 de outubro de 1823, embora ainda haja controvérsias em relação a essa data (dia: 10 ou 20; ano: 1823, 1824 ou 1826). O encantamento como a permanência pela memória, que foi adotado nesta seção da revista, pode ser ilustrado no caso de Jozé Correa Picanço no retrato em pintura dele com os dizeres “Cons. Barão de Goyana – 1745-1823”, fixado no centro do Salão Nobre da Faculdade de Medicina da Bahia. É o Patrono na Cadeira nº 27 da Academia de Medicina da Bahia.
 

Ronaldo Ribeiro Jacobina.
Titular da Cadeira nº 29 da Academia de Medicina da Bahia.
 Professor Titular de Medicina Preventiva e Social, FAMEB-UFBA.

 

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