Academia de Medicina da Bahia Scientia Nobilitat
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Antonio Carlos Vieira Lopes
Antonio Carlos Vieira Lopes
Titular - Cadeira 26
09/11/2017
20:00
Discurso de Posse na Presidência da Academia de Medicina da Bahia

O conceito de Academia provém da escola de filosofia fundada por Platão na antiga Grécia, em 387 A.C., junto a um jardim a noroeste de Atenas, em terreno dedicado à deusa Atena, que, segundo a tradição, pertencera a um personagem mitológico com o nome de Academo.

A Academia de Medicina da Bahia foi fundada em 10 de julho de 1958, idealizada por JAYME DE SÁ MENEZES, dentro dos padrões da Academia Francesa. Em seu discurso de fundação, referiu-se à Academia Francesa, fundada por Richelieu em 1635, e à Academia de Ciências da França, fundada por Colbert, em 1665, cujos princípios são adotados até o momento atual. Seu primeiro presidente foi JOÃO AMÉRICO GARCEZ FRÓES.
Foram objetivos da Academia, na sua instalação, incrementar o ensino médico regional e nacional; promover reuniões para estudar e debater assuntos relativos à Medicina e ciências afins; apoiar a educação e pesquisa científicas; promover e auxiliar movimentos com fins educacionais e culturais que se relacionarem com a profissão médica; atender às consultas das autoridades constituídas e dar parecer sobre questões profissionais e de interesse da classe médica, entre outros. Tais objetivos foram mantidos, em sua maioria, nos Estatutos e Regimentos Internos posteriores desta Academia.

As nossas propostas de trabalho, portanto, coincidem com a história da Academia.
A Academia de Medicina da Bahia funciona atualmente em sua sala-sede, aqui na bicentenária Faculdade de Medicina da Bahia, mãe da medicina brasileira, no local onde outrora estava instalada a antiga cantina, de memoráveis lembranças. O espaço, foi totalmente reformado na primeira gestão do acadêmico professor doutor Thomaz Rodrigues Porto da Cruz, que contou com o inestimável auxílio do acadêmico Edmundo Leal de Freitas, já falecido. 

No momento, defendemos junto à Faculdade, na pessoa do seu eminente diretor Prof. Luiz Fernando Adan, e da Reitoria da UFBA muito bem conduzida pelo Magnífico Reitor João Carlos Sales Pires da Silva, a permanência da Academia na sua sede atual, que lhe convém sob todos os pontos de vista, seja quanto ao espaço físico, seja quanto aos aspectos culturais e tradicionais.

Pretendemos dinamizar a Academia, tornando-a um órgão de defesa da medicina bem ensinada e bem praticada.
Para tanto, criamos cinco Comissões Permanentes, com objetivos bem específicos.
Assim, a Comissão de Saúde, composta pelos confrades Fábio Vilas Boas, Reine Chaves e Sebastião Antonio Loureiro de Souza e Silva, terá por incumbência lutar por uma saúde pública de qualidade, defender o SUS que, entre 2005 e 2016, perdeu mais de 15.000 leitos e contribuir com os gestores de saúde, quando convocados.

A Comissão de Ensino Médico, composta pelos confrades José Tavares Carneiro Neto, Ubirajara de Oliveira Barroso Júnior e Maria Luísa Carvalho Soliani, deverá acompanhar atentamente a qualidade do ensino praticado
pelas centenas de cursos de medicina criados de forma indiscriminada pelo governo federal, mesmo contra os argumentos em contrário levantados pelas entidades médicas, denunciando os absurdos que disso possam advir.
Com uma população bem menor que os Estados Unidos, China e Índia, possuímos hoje mais escolas de ensino médico, simplesmente 326, das quais 70% particulares, a maioria no sudeste do Brasil. Estaremos acompanhando e apoiando o trabalho do Sistema de Acreditação de Escolas Médicas, SAEME, criado pelo CFM, e Associação Brasileira de Educação Médica, Abem.

A Comissão de Assuntos Estudantis, formada pelos confrades José Humberto Oliveira Campos, Leila Maria Batista Araújo e Jorge Luis Andrade Bastos, terá como missão apoiar os estudantes de medicina nos seus objetivos fundamentais, entre os quais uma boa formação médica, defendendo a inclusão da disciplina de saúde da família em todos os cursos, preparando-os como médicos generalistas para atendimento às necessidades da nossa população, no que concerne à atenção básica de saúde. Denunciaremos a falta de estrutura hospitalar para o ensino médico, haja vista que em 60% dos cursos autorizados não atende aos critérios exigidos pelo MEC de cinco leitos do SUS para cada aluno, assim como 42% dos municípios com cursos de medicina não possuem Equipes de Saúde da Família.

A Comissão de Políticas Médicas, em cuja composição encontramos os confrades Jecé Freitas Brandão, Raimundo Paraná Ferreira Filho e Nilzo Augusto Mendes Ribeiro, marchará junto aos movimentos liderados pelas entidades médicas, defendendo o concurso público para preenchimento de cargos, não aceitará a precarização das condições de trabalho, das unidades de saúde e dos insumos necessários a um atendimento digno. Chega de ver o sofrimento do nosso semelhante esperando demoradamente por procedimentos em todos os níveis e medicados em macas ou nas ambulâncias estacionadas nas portas dos hospitais. Defenderemos a Carreira de Estado para médicos e outros profissionais de saúde, direcionados para o SUS, pois, só assim, teremos um Programa Mais Médico definitivo e não o paliativo atual.

Queremos participar, como afiliados, das atividades do COSEMBA, Conselho Superior das Entidades Médicas.
A Comissão Científica terá a incumbência de repaginar as sessões científicas da Academia, agora, com a participação dos médicos e estudantes de medicina em geral, contribuindo dessa forma para a atualização e aprimoramento do profissional de saúde. Serão muito benvindos os demais colegas de outras áreas da saúde. Estabeleceremos parcerias com as secretarias de saúde do estado e do município de Salvador, visando a contribuir com os nossos conhecimentos na qualificação e requalificação dos profissionais servidores públicos. Será formada pelos confrades Gilson Feitosa, Mitermayer Reis e Jorge Luiz Pereira e Silva.

Para concluir, afirmo que “Creio na Medicina responsável e solucionadora, que não aguarda o chamado da coletividade, mas procura atuar antes desse apelo.
Creio na medicina que, sendo técnica e de conhecimento, é também ato de solidariedade e de afeto; medicina que é dádiva não apenas da ciência, mas ainda de tempo e de compreensão; que sabe ouvir com interesse, transmitindo ao enfermo a segurança que ele precisa ter; medicina que é amparo para os que não têm amparo; que é certeza de apoio dentro da desorientação, do pânico ou da revolta que a doença traz. Na medicina que serve aos doentes e nunca se serve deles.”

Que Deus nos proteja, a mim e à nossa diretoria na missão que ora assumimos, como protegeu o notável Confrade Presidente, professor Almério Machado e sua diretoria, à qual com muita honra sucedemos.

Muito obrigado.

Academia de Medicina da Bahia
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